sábado, dezembro 24, 2011

De velho aqui

Tento agora limpar o escuro de um blogue abandonado, antiga toca de um réptil que regressa de vez em quando para se ver ao espelho… mas não é capaz de entrar. Tem as mãos (patas) enferrujadas. Pensa que se perdeu num pragmatismo de vida urbana que toma como sua mas sabe que não deve ser, não é bem de lá que vem.

Pensa-se crocodilo, mas ao espelho vê-se mala… ou pulseira de relógio, uma versão processada daquilo que foi e que se viu a vir a ser, versão ao lado. Mas o bicho continua tatuado no braço. E é da tinta preta que ainda saem as letras com que tenta escrever um dia após o outro em coerência com a criatura que cada vez menos consegue ver. Re-visita-se neste ninho virtual a que já chamou casa e lê o que já sentiu a sentir que sente ainda a mesma coisa. Sente-se por isso jovem mas sabe que é mentira. O tempo foi passando e o espelho já não é o mesmo. Ou o reflexo já não é o mesmo… agora há outro, que apesar do mesmo é mesmo outro (já não consegue enganar).

Limpa de novo o escuro do espelho… escreve um texto para não publicar.

Mas já o escreveu. Já o colou mesmo sem ainda o fazer… falta o click, a selecção, a revisão… mas já o escreveu. Mas o click é uma questão de… click!

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